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Os mangás que invadiram o Brasil



Era novembro do ano 2000. As bancas estavam com certa redução de revistas em bancas e as poderosas Marvel e DC publicadas pela editora Abril estavam na sua fase Premium, ou seja cobrando R$ 10,00 por revistas em formato livro e que afastou muitos leitores na época após a extinção do formatinho, por sinal o formatinho estava de luto por conta dessas mudanças da Editora Abril.
Leia mais sobre isso AQUI.
Já falamos das revistas Premium por aqui, tinha que ter muito $$$ pra ler

Mas o mundo não se resume a editora Abril e uma outra editora que estava fazendo um sucesso danado era a editora Conrad que publicava a revista informativa Herói 2000( a saudosa Herói que cativou inúmeros fãs desde os anos 90) chegou com dois lançamentos de peso na época e que se tornariam alguns dos gibis mais vendidos no país, superando até a tiragem das revistas da Abril.Eram os mangás de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco.

Mangás não eram novidade naquele tempo, o difícil era achar publicações boas, regulares e baratas naquele tempo. A opção de mangá que se tinha era o mangá de Ranma1/2 da Animanga, uma loja para otakus que se meteu a publicar o mangá de forma bimestral. mas Dragon Ball e cavaleiros do Zodíaco chegavam com uma distribuição enorme por contarem com uma editora potente na época e serem títulos que os brasileiros queriam muito ver por terem liderado revolução na TV. Dragon Ball era sucesso na TV naquele tempo ( na verdade era a fase Z) e Cavaleiros do Zodíaco muitos queriam ler mesmo sem saber que este mangá era muito diferente da série de TV que conquistou o país pela Rede Manchete.
Foi a hora e a vez das obras de Akira Toriyama e Masami Kurumada.

Outra diferença era que os mangás lançados aqui eram na nossa forma de leitura ocidental. os mangás Conrad começavam avisando que aquela que achávamos que seria o início era justamente o final do mangá. Foi o primeiro mangá com leitura de ordem invertida.

Então Dragon Ball era lançado a um preço de capa  de R$ 3,90 e com distribuição quinzenal com aproximadamente 100 páginas e em preto-e-branco. O mangá tinha uma dinâmica muito maior que o desenho ( por mais que seja fã de Dragon Ball sei que a TV tem uma enrolação ducarai) com os fatos ocorrendo rapidamente e assim logo se tornou uma das revistas mais vendidas do mercado.

Tão vendida que a fase Z foi lançada ao mesmo tempo da original alguns meses depois com tiragem de 100.000 exemplares!!! Afinal se fossem esperar lançar a fase Z pelo cronograma o desenho já teria acabado e a febre poderia ter passado.



O diferencial dessa coleção era que ela pegava os encadernados japoneses, os Tankobons e os dividia em dois aproximadamente, assim Dragon Ball que contava com 42 edições passou a ter aqui no Brasil 83( a edição Z-1 coma saga Raditz foi a única que reproduziu um tankobon integral). Tinha também uma sessão de cartas respondida pelo grande Cassius Medauar, que é uma referência no mercado editorial dos mangás aqui no Brasil( hoje trabalhando para a JBC).

Outra coisa: nessa coleção se  dispensava as páginas coloridas que vinham, dando para perceber claramente aonde era P&B e aonde era colorido no original. Outro problema ainda era a brochura. Muitas vezes abria-se a revista que amassava as páginas e isso para leitores e colecionadores era um puta incomodo.

Cavaleiros tinha o mesmo esquema editorial porém sua distribuição era mensal. Pelo menos foi até o lançamento do final da  saga de Poseidon que tornou o título quinzenal.

Como cavaleiros vendia menos, também tínhamos um reajuste nas edições dos defensores de Athena. porém era justificado com um aumento de páginas. Assim a coleção prevista para sair em 52 edições acabo saindo em 48 edições que oscilou de preço passando de R$ 3,90 para R$ 4,50. Variava também o número de páginas das publicações. De 100 foi para 116 e depois voltou as 100 páginas mesmo.

Vale lembrar que o mangá com a saga de Hades praticamente foi inédito aqui, sendo concluído antes da animação!!!


O trabalho na divulgação desses mangás foi bem feita sendo divulgado na band que exibia o infantil Band Kids com animes e uma apresentadora japa. E a produção desses mangás era tanta que frequentemente eram relançados em uma ordem própria( tipo, tá na banca a 19 de Dragon Ball mas vamos relançar a 1 a partir de então). Assim todos poderiam colecionar sem a desculpa de não encontrar mais as primeiras edições.
A luta do Freeza é muito mais rápida no mangá

Meses depois a editora JBC entraria em cena com seus mangás mais fiéis ao estilo original, mas ainda dividindo os Tankobons japoneses em duas partes.

Tinha até pacotes especiais com 3 edições pelo preço de duas. Era a festa aquele tempo.
Cavaleiros foi depois republicado desde o início em um papel diferenciado, sendo a 2ª edição. Já Dragon Ball foi relançado em Tankobon mas teve vida curta devido a problemas da Conrad.  Mas vale lembrar que a Conrad deu esse passo importante na publicação de mangás no Brasil. mangás que hoje em dia são odiados pelos fãs, que criticam o tipo de papel usado na época, o esquema de não ser fiel ao original por dividir o original japonês e mais um monte de infantilidades dos fãs.

Seja fã de comics ou mangás, fã sempre é um ser complicado de agradar.






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